quinta-feira, 19 de abril de 2018

Cinco bêbados imortais



Os puros e sem vícios são às vezes cheios de amargura porque tentam mudar o mundo para faze-lo melhor, à sua imagem e semelhança. E fracassam. E não são tolerantes com as fraquezas e limitações próprias da humanidade. O comportamento humano os decepciona e angustia.

Os derrotados da virtude, ao contrário, mostram o que somos em nossos limites. Marcelinho Cachaça foi um dos cavalheiros mais nobres que conheci, assim como Dudu Garcia, Gelon Siqueira e Manuel Amaral. Alcoólatras desesperados, disfarçavam sua tristeza numa alegria divertida, no riso cristalino e na irônica sabedoria.

Dudu, a quem nenhuma mulher conseguia resistir. Gelon e a sua voz rouca que o violão acompanhava em canções belas e dolorosamente sofridas. Amaral era um fascinante contador de histórias que ninguém apostaria ser verdade ou ficção. Doka, outro dos bêbados sábios com quem convivi, certa vez me disse, citando quem não se lembrava, que embriagar-se anima nossa loucura e nos transporta a regiões supremas onde somos mestres do nosso próprio destino.




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